José António Saraiva, uma besta do lar

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Ler JAS provoca sempre uma certa náusea, algo útil quando precisamos de revirar as entranhas. JAS é uma espécie de guronsan ao contrário, que tomamos para provocar o vómito. Se esta é a regra em JAS, não se lhe encontra uma única excepção, mas de quando em vez somos brindadas por um produto premium,  um vintage de JAS que além da náusea, das convulsões das entranhas e do vómito, tem também o condão de deixar viver a terrorista que está em cada uma de nós, outrora afáveis fadas do lar.

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JAS, uma espécie de MEC com ainda menos piada, revela nesta obra vários aspectos da sua intimidade que nos é útil saber. Que para ele não casar é um problema, que ter filhos de diferentes relações um acto falhado e que ter que dividir o seu local de trabalho com mulheres um atentado ao pudor que a sua excitação fácil tem dificuldade de lidar. JAS, que está condenado a ser mais um filho de quem quer que o ature, tem como castigo ter como único factor de atracção o seu saldo bancário, coisa que não deve facilitar a vida. 

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Para JAS bom mesmo era o antigamente. Nessa altura sim as mulheres eram infelizes, mas os homens como ele podiam dormir descansados. O adultério era um exclusivo só deles. As tarefas domésticas e a educação das crianças uma responsabilidade só delas. Filhos de diferentes casais um problema exclusivo de quem tem pila, às vaginas era-lhes poupado tamanho problema. Preocupações com a carreira, cansaço nocturno, azáfama metropolitana, eram complicações que só os machos como ele gostava de ser tinham, que as fêmeas, essas que ele nunca viu abrirem as pernas por amor ou tesão, usufruiam dessa vida regrada e pacata que o patriarcado lhes proporcionava com alguma bonomia. Divórcios e outras liberdades afins são para JAS um problema sério. Ninguém como ele tem nada a ganhar com o livre arbítrio. A clausura dos outros é a sua única forma de poder ser alguma coisa, mesmo que essa coisa seja tão débil como ele. JAS não é capaz de ser pai, falta-lhe nervo. JAS não consegue ser homem, falta-lhe tudo.

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Na verdade JAS não sonha com o tempo em que a fada do lar era a mulher dos seus filhos. JAS exprime esse desejo para nos dizer que o que ele gostava mesmo era ser a mulher que hoje qualquer uma de nós pode ser, mas que ele, mesmo sendo oficialmente homem, nem naquele tempo conseguiria ser. O seu saudosismo com as mulheres da velha senhora é a sua manifesta impotência de ser o que quer que seja no tempo em que os homens para serem homens têm que ser mais do que marialvas pifios, para quem a aliança serve apenas e só para mostrar na fotografia.

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7 opiniões sobre “José António Saraiva, uma besta do lar

  1. o JAS é um palhaço excessivo assim como a câncio e a sua criminalização do piropo (não vou procurar o link q a cara da sujeita e todo o texto me incomoda, curiosamente mais q este patético ser) … bom senso precisa-se ;)
    Beijinhos para o Renato
    I’m leaving facebook

    1. Sim. Também li essa prosa da “f.” mas confesso que sobre a infeliz ideia de se criminalizar o Piropo já tudo se disse e ando pouco motivado a voltar ao tema. Repito a insuspeita Isabel Moreira e a sua frase certeira: “a liberdade chateia”.

      Sobre JAS desta vez ele foi mais do que patético. O seu “vintage”, como lhe chama a Leonor nesta sua resposta, só pode ser respondido assim: às canelas do bicho.

      Abraço para ti e outro para a Leonor por nos ajudar a digerir a azia.

  2. “Curiosamente, Lídia Jorge, que sempre lutou pelos direitos femininos, quando fala dos seus tempos de infância revela nostalgia e saudade por essa sociedade que já não existe”. Diz J.A.S. na sua coluna de Opinião no SOL.

    Não conheço o pensamento da Lídia Jorge sobre esta questão, mas será que ela vai gostar de ver o aproveitamento que José António Saraiva faz, extrapolando para posições idênticas em matéria de feminismo, como as que escreveu no SOL? Não estará a Lídia Jorge a ser usada por abuso de interpretação?

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