A infâmia de Trump e de Alexandra Lucas Coelho

Num artigo de opinião sobre Trump e Hillary, intitulado “O lixo de Trump e o nariz de Zizek”, a escriba do Público expressa toda a sua natural repulsa pelo candidato republicano, “este lixo (…) que insulta a todo o momento mexicanos, muçulmanos, negros, emigrantes, mulheres”. A jornalista revela também como ficou chocada – o que é perfeitamente legítimo – com uma opinião pouco ortodoxa do célebre filósofo referido no título da crónica. Decidiu no entanto – o que é menos legítimo – usar da mesmíssima moeda que tanto censura em Trump – ultrajar, troçar, ridicularizar -, desqualificando o filósofo por causa do seu conhecido tique com o nariz. Referindo-se a um vídeo em que Slavoj Zizek fundamenta a sua posição nas eleições norte-americanas, usou as seguintes palavras (sublinhado meu): “É um vídeo em que o protagonista é o nariz do pensador, afagado de dois em dois segundos.” Gozar com um tique, qualquer que este seja, assim como com uma qualquer incapacidade ou deficiência, revela baixeza, falta de carácter e, neste caso concreto, uma evidente falta de estatura intelectual para argumentar com alguém que, bem ou mal, tem a capacidade cada vez mais rara de pensar bem para lá das fronteiras do senso comum.