Em nome do Pai (CAPITALISMO), do Filho (MERCADORIA) e do Espírito Santo (CORPO)

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“A pornografia, via EUA, assim como a conduta das estrelas pop norte-americanas, tornaram-se os modelos globais de feminilidade, como todas as consequências para uma sexualidade integrada nas demais dimensões das relações pessoais, nomeadamente a verdade, o respeito, a tolerância, o companheirismo, a fidelidade, o projecto, a partilha. O que eu vejo em muitos sítios, mas sobretudo nas escolas, é exibicionismo feminino egocêntrico mas também o correlativo olhar masculino para as raparigas como se elas fossem algo de que se desfruta e se troca a bel-prazer. Mas também é aquilo que acompanha essa alucinação sexual, da parte dos rapazes e das raparigas: egoísmo, vaidade, inveja, intolerância, marginalização, traição, mentira, vingança, agressão verbal e agressão física. Causas, não as conheço bem, embora suspeite do individualismo geral que a evolução social nos trouxe mais do que nunca, suprimindo certos preconceitos para nos deixar, sem dúvida, uma maior liberdade de escolha mas à custa de um ruído narcisista entre as pessoas. Solução? Enquanto a festa durar, ninguém se queixa.” Comentário de Pedro Mota.

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Diria que o comentário do Pedro Mota ao texto do PDuarte, responde às dúvidas levantadas pelo Russian Bill, pelo menos no que à compreensão dos três argumentos pelos quais os “modelos” (sobretudo femininos) “querem ser vistas abertamente como putas'”. Num esforço para não ficar no obscurantismo, algo histérico, do Pancho, este texto esforça-se para não resumir toda a prostituição ao putedo e todo o putedo à prostituição, dedicando boa parte (não toda) do debate naquilo que interessa discutir: a mercadoria.

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Não vejo nenhum argumento que desfaça estas três dramáticas constatações. 1º – O nosso erotismo, e com ele a nossa auto-representação, é condicionada pelo capitalismo. 2º – As mulheres são, como no mercado de trabalho, sujeitas a uma pressão incomparável à do homem (por mais que esta tenha vindo a aumentar nos últimos anos). 3º – Não há forma de oferecer resistência a esse processo de assimilação a não ser se estivermos dispostos a fazer este debate sem cair na tentativa inglória de provar imunidade machista ou na vã ingenuidade de achar que há liberdade por dentro dos padrões estabelecidos pela lei da oferta e da procura, erotismo na maximização do lucro ou emancipação na fantasia mercantilizada.

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“Simultaneously looked at and displayed, with their appearance coded for strong visual and erotic impact so that they can be said to connote to-be-looked-at-ness. Woman displayed as sexual object is the leitmotif of erotic spectacle: from pin-ups to striptease . . . she holds the look, and plays to and signifies male desire.” Debord.

dali desk

Mais em Those backs you just can’t forget, no Philosophisches & Literarisches SehLoft.

2 opiniões sobre “Em nome do Pai (CAPITALISMO), do Filho (MERCADORIA) e do Espírito Santo (CORPO)

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