Não é pós-verdade, é propaganda. O caso da jornalista “independente” canadiana.

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Já o tenho dito, a pós-verdade é a apenas uma finta de quem perdeu o monopólio da mentira. Se não é novidade que o papel dos EUA e dos seus aliados é execrável, que mentem e matam sem qualquer pudor para atingirem os seus objectivos e amplificarem o seu poder, é curioso que quem supostamente lhes faz frente escolha, sem pudor, a replicação dos seus métodos.

A guerra da propaganda sobra a Síria é disso um bom exemplo. Para excitar os campistas, que ainda acreditam que o mundo é uma bateria com dois pólos e que o muro de Berlim continua de pé a proteger os povos do capitalismo – como se a Rússia não fosse hoje a segunda ou terceira potência do império – basta colocar uma jornalista ocidental, um moderno rollup das nações unidas, para que grite aos sete ventos que afinal Assad é um anjo caído do céu para salvar os sírios da Síria. Mas não é bem assim, muito pelo contrário.

Depois de viralizar, o vídeo de Eva Bartlett, jornalista canadiana, foi finalmente desmontado (aqui, aqui ou aqui). Afinal, esta jornalista é uma colaboradora da propaganda russa e não uma jornalista “independente”, não apresentou um único facto, e a suposta desmontagem da “propaganda ocidental” limita-se à afirmação de que todos os que no terreno não repetem o que diz Assad estão a mentir, apostando ela mesma numa nova variação de negacionismo.

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O ridículo já matou, noutras circunstâncias, os meios de comunicação convencionais. No Iraque, na Palestina, no Afganistão, nos EUA, a imprensa ocidental não tem moral para moralizar ninguém, mas que Assad use as mesmas maquinações para dobrar a seu favor a opinião pública não pode ser tolerado.

Bashar Ja’afari, embaixador da Síria nas Nações Unidas, já o tinha tentado, ao mostrar fotografias feitas no Iraque para demonstrar a alegada compaixão do exército sírio para com a população de Aleppo.

Os números, infelizmente, falam muito alto, e na Síria o terror tem assinatura que deixam claro que o regime de Assad é quem mais sírios assassinou ao longo da guerra. Sobre isto, claro, a dita jornalista “independente” canadiana nada tem a dizer. Já todos os que não se queiram render à propaganda dos dois campos em conflito, têm que desenvolver um grau de desconfiança que lhes permita verificar, o que for possível de verificar, sobre os factos no terreno. Depois de desconfiar uma, duas e três vezes, confirmem os factos. Na guerra da propaganda não há inocentes.

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9 opiniões sobre “Não é pós-verdade, é propaganda. O caso da jornalista “independente” canadiana.

  1. Depois de ler as “desmontagens” das afirmações de Eva Bartlett que são indicadas, analisar com cuidado a argumentação apresentada neste post e, last but not least, verificar as fontes das “informações” que a suportam, não me resta senão concluir que aquilo que Bartlett diz é infinitamente mais credível do que o autor Menor gostaria que fosse verdade. É triste verificar o ponto de desorientação e de degradação moral a que certa auto-suposta esquerda chegou.

  2. This is pathatic… I’m just aware of the usual propaganda, so when I see this kind of graphic from un unknown source called pumpuously Violation Documentation Center, i think woaw what is this? Then I read the summary of Wikipedia (a non reliable partisan source with a strong western bias) and I understand immediately that this graphic is completely biased… Do you really believe they will account their own crimes!? Fucking western media with double standards… So fed up, we claim to have a right to info, all we have is a right to BS.

  3. Para quando uma visitinha à Líbia libertada????Agora sim, é que é bom.
    E, ao Afeganistão, tirar umas fotos dos bravos soldados da democracia da NATO, a guardar as plantações de papoilas?

  4. O que tem a dizer acerca daquelas democracias avançadas como a Arábia Saudita,o Qatar, a Jordânia,Marrocos,Israel,usa,frança e uk?
    Não acha ‘esquisito’?E das decapitações, cruxificações,fuzilamentos,canibalismo perpetrados ao Povo Sírio, sociedade que abarca mulçumanos, cristãos , judeus, ateístas e várias culturas?

    P.S.:Ou o senhor é um idiota chapado e,tem desculpa, ou então, sabe muito bem para quem trabalha….

    A CIA, tem bons amigos por aquipelos vistos

  5. Como os civis não puderam de sair de Alepo Este?Porque foram usados como escudos humanos!Lógico, não é?
    Como é possivel ver os ‘rebeldes’ terroristas serem evacuados de Alepo para as aldeias ocupadas pelos capangas e, ainda prometerem às TVs (que estão em Alepo!!!!)que virão “reconquistar” com todas as calmas????Pelo que vemos, até há liberdade de expressão em demasia para com tal escória da humanidade, cozinhados pelas mais avançadas demo cra cias como a Arábia Saudita , assim como a NATO…

  6. Menor…

    Os três “aqui” que ali largaste são apenas e só propaganda destilada e já gasta dos meios de merda social ocidentais.

    Parti-me a rir com algumas coisas lá escritas e respectivas fontes de ilusão, uma das mais divertidas é eles darem a desculpa de o nome Aya ser muito popular daí terem existido 3 Aya’s “salvas” pelos terroristas de capacete branco!

    A fonte da popularidade do nome ainda por cima tem os valores a não baterem certo pelo menos com uma das fontes de que fazem uso o ‘ssa.gov’! Mas enfim…

    O mais importante e que ainda ninguém me conseguiu explicar é o seguinte:

    O que foi que o Povo Sírio fez de tão terrível aos Americanos e Europeus para estes estarem há SEIS ANOS a destruir o seu país, abusar, torturar e matar os seus habitantes?

    Se por acaso Menor sabes o que o Povo Sírio fez de tão terrível inclusive a Portugal, avisa, adora saber..

  7. depois de sucessivos fracassos em destruir a síria, a redução de danos das marionetes do imperialismo é pagar de isentão. “veja, os eua são ruins, mas a rússia é tão ruim quanto”. querem levar a siria o regime “democrático” dos rebeldes moderados libios. aqui não!

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