Sobre o Triste Espectáculo nas Fileiras do PCTP\MRPP

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Decorre no interior do PCTP/MRPP um processo de linchamento político de um conjunto de dirigentes. Processo errado quanto aos motivos que o desencadearam, quanto às conclusões que tira, quanto ao método que segue para caminhar dos primeiros na direcção das segundas. Um perfeito disparate onde o recurso a fraseologia revolucionária para enganar parvos não convence a não ser os convertidos, ou os impressionáveis. Mas um disparate que se revela cobarde e insuportável na medida em que explora a disciplina, o recato, e a posição de fraqueza dos visados para os tostar em lume brando sem direito a resposta.

Todas as críticas movidas ao Comité Permanente do Comité Central têm um fundamento exclusivo: resultados insuficientes no plano eleitoral. Para os que reclamam a pureza virginal do marxismo-leninismo, este é um curioso libelo: as culpas não recaem na incapacidade do PCTP/MRPP em erguer e sustentar uma linha de massas que organize as vastas massas do proletariado que já nem as organizações sindicais amarelas do social-fascismo têm capacidade de persuadir a organizar-se (esqueçamos os sindicatos fundados com dinheiros da CIA e às ordens do Estado burguês que se agremiam na UGT). Não se voltam para a sua incompetência em organizar os moradores dos bairros pobres, escorraçados pela Lei dos Despejos de suas casas, que vêm arrasadas por bulldozers na Amadora, por implosões no Porto, pela ganância dos especuladores imobiliários e da gentrificação.Não se pronunciam quanto ao desaparecimento total e absoluto do PCTP/MRPP das escolas e universidades, onde já teve um peso considerável, nem quanto à inexistência de uma organização comunista para a juventude desde que a FE M-L se esfumou no ar. A preocupação é com a cadeirinha do parlamento, com o saldo em votos do trabalho feito, no mais estreito dos eleitoralismos. Ora, num partido comunista esta matéria não assume centralidade na discussão.

Há certamente o que criticar, de um ponto de vista marxista-leninista, na direcção política do PCTP/MRPP dos últimos anos. Os casos que se citam acima são apenas alguns dos que saltam à vista numa análise superficial. Mas o insucesso eleitoral não é coisa que preocupe os comunistas: a sua luta é outra, e não é nem por percentagens, nem por assentos, nem por mais ou menos papeis dobrados com uma cruzinha, na urna de voto. É a luta pela transformação do ideal revolucionária numa força material, ao apoderando-se das massas organizadas. A incapacidade para o fazer pode e deve ser assacada aos dirigentes do partido. Mas em nenhum lado o tem sido nos últimos dias.

Há um elemento fundamentalmente errado, no plano dos princípios, neste processo: a exposição pública das críticas aos dirigentes suspensos, enquanto estes, por recato, disciplina, ou qualquer outro motivo, conservam em silêncio a resposta que, de alguma forma, terão de dar. Isto não é forma de resolver nenhum assunto em nenhum partido onde se pretenda que vigorem laços de camaradagem e fraternidade. Isto não é promover o ambiente que propicie a serenidade que o juízo sobre acusações tão graves como «anticomunismo primário» e «social-fascismo» devem merecer. Isto é, por sinal, bem o contrário de tudo isso: é denegrir em público quem só se pode defender em privado, provocando e destratando. Isto, em suma, não se faz. Quem assim se move não desrespeita, como vemos, apenas a forma de analisar a realidade que cumpre ter aos comunistas. Excede o seu desrespeito pelo comunismo em muito mais que isso.

6 opiniões sobre “Sobre o Triste Espectáculo nas Fileiras do PCTP\MRPP

    1. Com respeito ás falhas pessoais, desde que não estejam relacionadas com erros políticos ou de organização, não se torna necessário critica-las demasiadamente, pois, de contrario, os camaradas em causa ficarão perdidos, sem saber o que fazer.
      Além disso, se uma tal critica se desenvolve, a atenção dos membros do Partido passa a concentrar-se exclusivamente em faltas menores, toda a gente se intimida, torna-se cauteloso em excesso e esquece as tarefas politicas do Partido. Isso constitui um grande perigo.

      Já agora. Existem meios para eliminar esses defeitos:

      1. “concorreu a 5 actos eleitorais e manteve a estrutura do Partido”

        Então não estamos perante um partido revolucionário. Um partido revolucionário, só para avisar, também tem tarefas do foro revolucionário, para as quais 800 mil euros dão algum jeito.

        O Espártaco está-se a queixar dele próprio.

  1. Tudo isto é muito triste, nunca os piores ataques de fora ao MRPP e ao PCTP/MRPP fizeram tantos estragos como este, até ha pouco tempo inimaginável ataque. A pretexto da construção de um partido operário, destrói-se em poucos meses e sem qualquer espeito pelas pessoas o que se construiu em anos. Dizer que isto é triste é pouco, vergonha é
    muito pouco. Nem sequer se deram ao trabalho de respeitar as quase 60 mil pessoas que votaram neste partido. Ainda não perceberam que as ideias que se defendem , sendo correctas, têm dificuldade em passar e em ser aceites pelo comum eleitor bombardeado pela manipulação social..

    Sem dúvida que muita coisa teria , terá de mudar, mas nunca, nunca ,desta forma.

    Parece que já esqueceram a internacional que tanto cantam :

    ” Não há salvadores supremos; nem deuses, nem césares, nem senhores…”

    Às vezes é preciso lembrar que , uma coisa é o respeito outra a subserviência.

    Pedro

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