No momento em que o PDuarte musicava “a Mota-Engil segundo Napalm Death“, os Estivadores estavam reunidos com os patrões e o governo, e garantiram um “dia histórico para o Porto de Lisboa”. O significado desta reunião, que será amplamente traduzido numa Conferência de Imprensa* depois de decidida e votada pela base do sindicato, é enorme não só para os estivadores, mas para todo o movimento de resistência à precariedade e à austeridade que a troika tem vindo a impor aos países do Sul da Europa.
A concretizar-se (atenção que se há coisa que a maioria dos patrões não têm é palavra), ela poderá ser a primeira grande vitória do movimento operário nos últimos anos, e tem tudo para ser um estímulo a que mude o sentido da guerra social que tem vindo a ser travada pela generalidade dos sectores.
Para lá do tónico que esta vitória pode constituir, há ainda a reter alguns elementos importantes para que as próximas lutas fiquem mais perto do sucesso. A combatividade das formas de luta, a sua alta taxa de sindicalização, a sua articulação com os demais sindicatos e confederações combativas bem como com parte significativa do movimento social e a fundamental dimensão internacionalista, são ingredientes que dão a qualquer luta músculos vitais para que ela tenha a força que precisa para que se traduza em conquistas concretas.
Quando tantos duvidam da actualidade da greve e quando demasiadas vezes ouvimos que os de baixo nada podem, este é um exemplo concreto de que é possível voltar a vencer e que todos os que lutam têm a ganhar com as vitórias uns dos outros.
Foto de Sérgio Sousa
*A Conferência de Imprensa será aberta aos produtores de conteúdos das redes sociais que têm acompanhado esta luta, algo que imagino deixe o Menor, que tem estado em cima do assunto, motivado para aparecer.